sábado, 28 de março de 2009

All the Same...

Hoje...
Bem...hoje sinto-me particularmente negra...particularmente só....
É...nem que o mundo todo estivesse compactado todo aqui no meu quarto, no meu canto....
Continuaria só...
E sinto-me só, não por sentir solidão pura...mas por sentir saudades!
Sentir uma saudade imensa... intensa...de mim!
Nunca se sentiram assim...? Onde está aquela pessoa que julgamos um dia ser? Aquela pessoa que sonhamos um dia vir a ser...?
Embrulhados numa amalgama de crises, ressentimentos, recuos, recalcamentos e invejas de quem sagrou na vida...maioritáriamente ao abrigo do mal que praticou! é...da quase vontade de rir...
"Abençoados os fracos de espírito porque deles é o reino dos céus"...verdade...AH... Oh como gostaria eu de ser fraca! De não ter sangue vermelho... vida a borbulhar nas minhas veias...de não me exaltar, não responder a provocações... Aceitar plácidamente os revezes, o mal... sim...porque o mal puro existe...puro, inconsequente! Ao ponto de eu ponderar sérios e viáveis candidatos ao "Nobel price for evil"... haha...é!
Eu... Eu há 10 anos... ahhh essa pobre eu de esperanças, caminhos, auto-estradas de confiança!!
Eu...Eu há 5 anos...menos eu...
Eu...hoje Eu...alguém sabe de mim???

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Cântico Negro


"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali...
A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre a minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátria, tendes tectos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura ! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí!
José Régio



domingo, 22 de fevereiro de 2009

O sopro do tempo...


Receio que o tempo não volte para mim…
Não volte o tempo de escolhas puras, limpas, sem consequências ou causas…
Que tudo o que faço ou digo seja efeito de uma maré, de ondas que não controlo…

Receio que não seja quem me quis tornar. Não saberei tudo, não domino nada?
Talvez as minhas expectativas sobre mim própria fossem hiperbólicas!
Talvez o tempo não volte para trás, nunca mais…

Receio ter perdido quem amei, e ter amado quem me perdeu…ou ter sonhado demais…
Não ter agradecido ao sol a sua luz... nem sentido o cheiro do ar, do mar.
Por não ter olhado o céu, como se de azul a minha alma vivesse.

Receio não te ter mais ao meu lado, a tua forma doce de guiares o meu caminho.
A forma injusta como o tempo te apaga cruelmente da minha mente, da minha alma…
E pela forma impassiva em que fico a ver-te ir…

Receio não ser especialmente melhor…ou maior… soberba!!!
As máscaras que criei para me esconder de mim própria e da miséria podre.
Porque não tenho eu o céu, se sou pobre de espírito?

Receio não ter sabido dar…pior! Não ter sabido receber…
Não ter sido humilde e aceitar o amor que o peito anseia no silencio da noite,
Por não sentir a falta ou o vazio, dor? Pena?

E eis que a noite cai,
E eu receio ter morrido, sem ter começado a viver.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Em nome do blog....

Olá,

Agora que fiz finalmente um blog que tenciono levar a sério (ao contrário de todas as outras coisas na minha vida) , sinto-me na responsabilidade de explicar o nome que escolhi…cofff cofff…

Este blog é acerca da vida, sim, podem gritar em uníssono, “EHHHHHHHHHHH q’original…!!” , mas sim, é sobre a vida…aquela coisa que acontece entre o nascimento e a morte.

Uma morte lenta…oh sim, lenta…quem de vós se pode gabar de viver humm?? Hummm??? Levantem a mão…levantem a mão…pois é…ninguém…

Não se vive sobrevive-se a um incontável numero de dias contados de quotidiano mundano, seco, triste das mesmas e repetidas coisas…ate nos supostos pressupostos de vivaz divertimento…como se para me divertir obrigatório fosse o jantar regado a sangria para matar a mágoa e a subsequente idazinha ao bar, onde nos lamentamossss languidamenteeeeee da situação económica do país e das ultimas lavagens de mãos do Sócrates, esse Pilatos da vida moderna – “I wash my hands of your demolition…” se bem que neste caso ele tem adjuvado à demolição…mas enfim…

Bem mas já me perdi, “Push the button to start”… Curiosamente, ao iniciar o blog não me estava a “alembrar” de nada com a densidade necessária a um blog da minha infindável categoria…e eis que, voilá! Olho para a direita e descubro uma simples frase… Push the button to start… e de repente um chorrilho de lembranças memórias se me assombraram á cabeça! de jogos na playstation partilhados na companhia de irmãos, amigos, e mais tarde da filhota… de jogos de pinball no café…na velha e já ida Feira Popular, de viagens em elevadores novos, velhos, modernos, relíquias… de ligar e desligar a luz…ligar e desligar a luz…ligar e desligar a TV…o DVD….oh maldita tecnologia…e eis que me pareceu bem….porque continuamente na nossa vida (sim lembram-se da razão de ser do blog?) passamos o tempo a carregar no botão para (re)começar… (Re) começar um emprego, (Re) começar um trabalho, (Re) começar uma relação, um amor, a fazer o almoço, o jantar, a escrever o livro, a ler o jornal, e espero que este blog vos ajude a fazer, o que eu tento fazer… dia após dia… (RE) COMEÇAR A VIVER, porque a vida até tem a sua piada…

Até lá…

Fiquem bem,

Cláudia

Sem ti...



Eis o tempo que passou,
que me levou a alma para lado incerto….

Do rosto que vi e revi vezes sem conta,
Tão longe, por vezes, irreal,
Ou uma figura ténue inventada por uma mente, por certo,
para atenuar a dor nesta esfera mortal….

Eis o vento que leva a memória em suaves brisas amenas,
Fazendo das lágrimas um jogo aceso na minha pele,
O som da tua voz, a tua presença apenas…
O cheiro…esse acre sabor de mel…

E eis a sombra do meu passado!
Essa água que passa fria, breve, constante
Por baixo da ponte em ruínas em que me tornei, sem ti…
Sem ti, como se fosse o bastante…

Contigo aprendi que a cada crepúsculo se segue uma nova manhã…
E que essa manhã não é nada, sem ti.

Contigo aprendi que a noite é boa companheira,
Que a lua é boa conselheira…
E que tudo se perde, por ti…

Contigo aprendi que existo, que sou, que sei, que sinto…
Contigo aprendi a quem sirvo, em quem mando, a quem minto…

Contigo aprendi a discernir a linha entre o bem e o mal…
Contigo aprendi a vingança, a saborear o seu doce final…

Contigo aprendi quem tenho, em mim…

E eis o tempo que passou,
Que me leva a alma para parte incerta…
Pois foste afinal sempre tu…
quem sucumbiu à minha sombra inquieta…